16 agosto, 2017

PORTUGUÊS: Classes de palavras: Pronomes 1

Introdução

Vocês já sabem que podemos usar várias palavras para escrever uma frase e que essas palavras se classificam diferentemente, certo?

Observem o exemplo!



Vamos aqui falar dos Pronomes, uma classe de palavras de natureza nominal que podem desempenhar papel ora substantivo, ora adjetivo.


Os pronomes são a classe de palavras coesivas por excelência, com papel destacado nos processos de construção textual. 

Natureza subjetiva ou objetiva? 

Observe estas duas frases: 

Por quê? 

De modo geral, os pronomes adjetivos determinam substantivos, enquanto os pronomes substantivos conjugam verbos ou são complementos destes.

Acompanhe! 

Esta sala está escura. (Adjetivo)

Está aqui sua carteira. (Adjetivo)

Aquela é minha tia. (Substantivo)

Não o encontrei ontem. (Substantivo)


Os pronomes organizam-se em função das pessoas do discursivo:

• 1ª pessoa: quem fala

• 2ª pessoa: com quem se fala

• 3ª pessoa: tudo aquilo o que não é 1ª nem 2ª pessoa

Reflita!

A 3a pessoa é bastante diferente da 1a e da 2a. Na verdade, a 3a pessoa está fora do discurso. Isso tem consequências na língua. Não é à toa que a 3a pessoa, morfologicamente, é tão diferente das demais, com plurais, por exemplo, de base nominal, flexão de gênero: ele(s), ela. É pelo mesmo motivo que não há sujeito elíptico de 3a pessoa, exceto, claro, quando subentendido no contexto.

Tipos de pronomes

Os pronomes apresentam diferentes subtipos, com distintas funções. 
Neste estudo vamos estudar apenas os pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos. Os demais você vai ver em Classe de Palavras 2.

Pronomes pessoais

Fernando Pessoa, poeta português, escreveu: 


Neste texto do poeta encontramos pronomes pessoais. Você consegue identificar?

Pronomes pessoais são os que fazem referência coesiva direta a algo ou a alguém, desempenhando papel de coesão referencial.

Eles se subdividem-se em retos, oblíquos e de tratamento.

Retos: são os que funcionam, sintaticamente, como sujeito ou predicativo do sujeito.

Isso é para eu fazer mesmo?

O responsável por isso não sou eu.

São eles:



Em linguagem espontânea e cotidiana, você e a gente são, frequentemente, utilizados em papel de pronomes pessoais, conjugando-se ambos pela 3a pessoa do singular, embora, semanticamente, correspondam, respectivamente à 2a pessoa do singular (do plural, quando na forma vocês) e 1a pessoa do plural.

Oblíquos: são os que funcionam como complementos ou adjuntos, podendo ser átonos, quando se apoiam diretamente na forma verbal, ou tônicos, quando precedidos por preposição. 


Embora forma átona, o pronome lhe(s) corresponde a uma contração de significado "a ele(a)/ para ele(a)", correspondendo, portanto, a um objeto indireto.

Usos de retos e oblíquos 

Embora às vezes ouçamos alguém falar ou escrever assim, uma construção como a seguinte não deve ser utilizada: 

O que temos acima é um pronome em função de sujeito, tanto que conjuga o verbo. Fosse a forma nós, por exemplo, teríamos fazermos. Sendo sujeito, em língua padrão, só cabe a forma reta do pronome. 

Da mesma forma, uma construção como a seguinte está fora da língua padrão, por fazer o inverso, ou seja, apontar uma forma reta em papel de complemento verbal: 



Um uso discursivo bastante comum dos oblíquos, em linguagem cotidiana, é o que indica que o enunciador sente-se afetado/atingido pelo que diz. Afetação do enunciador pelo ato proferido, como em: 

Como que ele me faz um troço desses? 

Depois de tudo, ela ainda me vem com essa ideia.

De tratamento: são, na verdade, formas especiais dos pronomes pessoais, voltadas à interlocução e seus vários níveis de demonstração de respeito e cerimônia. 

Vossa Senhoria assinará os papéis agora?

Embora denotem 2a pessoa, sua conjugação sempre se dá na 3a pessoa.

Suas principais formas são: 


Quando a referência é feita de forma indireta à pessoa, então, utiliza-se a forma Sua em lugar de Vossa. Isso significa que se um repórter falasse diretamente ao papa, perguntaria:

Vossa Santidade pretende visitar nosso país em breve? 

Mas se esse mesmo repórter estivesse se dirigindo aos telespectadores, diria:

Sua Santidade pretende vir ao Brasil nos próximos anos.

Pronomes possessivos

Os pronomes possessivos, fundamentalmente, indicam, como o nome diz, posse. Suas formas são:


Estas são minhas crianças. 
Bem-vindo ao nosso doce lar.

Por indicar relação de posse, comportando-se como adjunto adnominal, a concordância do possessivo dá-se com o substantivo ao qual ele se refere.

O uso de artigos antes de possessivos é opcional, sendo frequente no caso de dele e flexões.


Os possessivos podem ainda expressar proximidade, afeição (ou desafeto) e outras relações destas derivadas. Observe isso em cada uma das frases a seguir: 

Meu velho amigo. 
Minha senhora, cuidado com o degrau. 
Seu irresponsável, tome mais cuidado com isso. 
Ela parece ter seus vinte anos.

Assim como se verifica com os adjetivos, os possessivos podem também alterar o significado da expressão quando antepostos ou pospostos ao substantivo. Observe a diferença!! 

Aqui estão as minhas fotos. (fotos que me pertencem) 
Aqui estão as fotos minhas. (fotos que me retratam)

Pronomes demonstrativos

Os pronomes demonstrativos situam algo ou alguém no espaço, no tempo ou no próprio discurso. São eles: 

Pronomes demonstrativos variáveis: 


Pronomes demonstrativos invariáveis: 


Os demonstrativos podem se contrair com as preposições em, de e a

• Preposição a: àquele, àquela, àqueles, àquelas, àquilo. 

• Preposição em: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nessa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, naqueles, naquelas, naquilo. 

• Preposição de: deste, desta, destes, destas, disto, desse, dessa, desses, dessas, disso, daquele, daquela, daqueles, daquelas, daquilo.

Os usos gerais dos demonstrativos podem ser sistematizados da seguinte forma:


Como se observa, no parâmetro discursivo, isto e seus correlatos estabelecem dois sistemas de oposição: um a isso e outro a aquilo.

Assim, temos: 

A colonização deixou um legado de desprezo aos indígenas. Isso se mantém bastante vivo em nosso cotidiano. (referência anterior) 
Preste atenção nisto: organizar-se é preciso. (referência posterior) 

A história é feita de homens e de acontecimentos. Estes são marcos, aqueles, mártires. (referência ao mais próximo/ referência ao mais distante) 


Ainda há palavras que podem ser consideradas pronomes demonstrativos acidentais, isto é, não o são originalmente, mas acabaram por desenvolver essa propriedade no uso linguístico: 

O, a, os, as: Explique-me o que te disseram na reunião. 

Mesmo (e flexões), próprio (e flexões): Ela mesma vai resolver esse problema./ Os próprios alunos reclamaram do barulho em sala. 

• Tal,tais, semelhante(s): Em tais ocasiões, é melhor descansar./ Não caia em semelhantes provocações. 

Os demonstrativos podem ocorrer em frequentes construções de ênfase: este aqui, esse aí, aquele lá, aquele mesmo, esse próprio, etc. 

Bem, chegamos ao final deste estudo. Para saber mais sobre Pronomes, não deixe de ver o Classe de palavras: pronomes II.

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